Ele há grandes vidas...
O dinheiro pode não trazer felicidade, mas a infelicidade... Essa trás dinheiro às pazadas.

Como sabem, mesmo que não sejam da Quercus ou dos Verdes, o Alentejo, e outras zonas inóspitas do país, suponho, têm bicheza desta às carradas. Aos milhares, mesmo. Às dezenas de milhar, talvez. A expressão "fornicar que nem coelhos" explica tudo. E por haver tantos em todo o lado chegam a ser ignorados e relegados ao insigificante estatuto de uma mosca, por exemplo. O que quero dizer com isto é que ninguém se espanta ao ver ou atropelar um coelho, mas se vir, ou atropelar, uma raposa ou um javali já é um acontecimento digno de uma nota de rodapé no Jornal Nacional da TVI, e até mesmo de uma entrevista exclusiva no programa matinal. Isto é o estatuto dos coelhos e lebres no campo. Na cidade as coisas são diferentes, já são adoptados como um animal de estimação, bem lavadinhos em lixívia, e postos numa gaiolinha toda janota, como se fossem hamsters gigantes de orelhas mutantes, com nomes amaricados e óbvios como "Bunny" ou "Roger". Contudo, seja num verdejante prado ou numa gaiola de subúrbio citadino, estes bichos fazem exactamente a mesma coisa: comer, mexer o nariz e fornicar.


António Fiuza, Presidente demissionário do Gil Vicente. Ele é, sem sombra de dúvida, o símbolo de Portugal. Figura bacoca com arzinho petulante e careca luzidia, de ideias fixas e discurso obstinado, este homem faz-me lembrar aquele ministro iraquiano que dizia que os americanos estavam a retirar de Bagdad, enquanto estes mesmos americanos derrubavam uma estátua de Saddam Hussein mesmo no centro da capital iraquiana. Uma caricatura viva, portanto. Durante semanas António Fiuza entrou-nos pela casa adentro desferindo golpes atrás de golpes, chamando toda a gente de prepotentes, mafiosos, conspiradores e incompetentes, aliás, a única pessoa a quem ele não chamou incompetente foi à sua mãezinha, coitadinha, e essa talvez até tenha algumas culpas no cartório, não no Caso Mateus, mas quando deu à luz esta maravilhosa prendinha que é o Fiuza. Ainda assim, muito obrigado, senhora, pois sem o seu filho isto teria muito menos piada. E agora tenho pena dele, coitado. Nunca mais apareceu com aquele sotaque de quem guarda cabras em Trás-Os-Montes a soltar impropérios e acusações como se não houvesse amanhã. Tenho saudades. Dizem as más linguas que se refugiou nas montanhas depois dos aldeões terem movido uma furiosa perseguição, qual Frankenstein, com archotes, foices e forquilhas em riste. Que injustiça. Mas o tempo há-de te dar valor, acredita Fiuza.