Hoje fui às Finanças
E lá estava eu na robusta fila, com o raio dos impressos e das fotocópias debaixo do braço, como toda a gente. Nisto um tipo de olhar esgazeado sai da fila e começa a olhar à sua volta, como se estivesse à procura de qualquer coisa nas paredes. Pela cara do homem parecia que ia assaltar aquilo. Subitamente, avança disparado para um dos cantos da sala, arranca um dos extintores da parede e aponta para o ar. Num movimento deveras ágil faz com que a cavilha de segurança tilinte ao cair no chão polido. O silêncio. O olhar aturdido dos transeuntes. É então que o tipo desata aos gritos "Quiero más gasolina! Dá-me más gasolina!" ao mesmo tempo que começa a despejar litros e litros de espuma carbónica para cima da malta e a dançar. Foi aqui que o fleumático senhor do guichet me acordou. Tinha chegado a minha vez.
O tédio, aliado a uma mente imaginativa, consegue pregar partidas do catano!