Hooligans = Meninos do côro
Por certo já repararam no que acontece quando se juntam (por exemplo) uma claque do Sporting Clube de Portugal com uma do Sport Lisboa e Benfica. Pedras, garrafas, bancos de jardim, caixotes do lixo, paragens de autocarro, tudo serve para ser arremessado contra os "infiéis" do outro clube. Depois da troca de galhardetes chegam os senhores do bastão, nos seus cavalinhos, e acaba-se a paródia. Refazem-se as amizades e cada um volta para o seu buraco, mais tarde ou mais cedo. No outro dia surgem notícias de "violentos confrontos" entre claques adversárias nos principais jornais e noticiários. Já assisti de perto a esses confrontos, mas nada me preparou para o que se passou hoje. Presenciei algo que me vai ficar na memória para todo o sempre. Algo tão violento que, apesar de terem passado umas horas, ainda estou em estado de choque. Mulheres. Uma dezena de mulheres num café, a discutir (e de que maneira) a jornada transacta. Nem cheguei a perceber de que clube eram, pois a enormidade de decibéis que aquelas boquinhas, outrora amorosas, debitaram foi demasiado para o meu cérebro processar toda a informação. Ao mesmo tempo que redefinia o meu conceito de poluição sonora fiquei com medo. Muito medo. Olhei à volta. Nem um G.N.R'zinho para me ajudar. E eu bem no meio de um fogo cruzado de impropérios desmedidos lançados por vozes do mais sopranino que há! Nada de violência fisica, apenas sonora. O mais assombroso foi vê-las uma hora depois: a natural placidez tinha-lhes voltado à face, como se nada tivesse acontecido. Parecia que haviam sido exorcisadas! Fica aqui o conselho: às terças de manhã evitem os cafés onde costumam parar as moças. São demoníacas.