Post #601 e até breve.
"Por razões profissionais, tenho sido um atento leitor da blogosfera nacional. Independentemente dos juízos de valor que possa fazer sobre este movimento comunicacional, distingo claramente dois patamares de blogues: os que, por serem assinados por personalidades mais ou menos conhecidas (jornalistas, políticos, intelectuais, escritores), gozam de uma relevância que lhes garante alguma influência na rede, e obedecem até a uma espécie de "livro de estilo" que os inscreve numa normalidade próxima dos media clássicos; e os outros, dos anónimos cidadãos, criados muitas vezes ao sabor de uma paixão ou de um ataque de raiva, e que obedecem somente aos "ventos" dos seus autores. Os primeiros são extensões de pessoas, causas, jornais, grupos de cidadãos. Os segundos são, na realidade, a vox populi que habitualmente se encontra nos cafés, nos barbeiros, nos cabeleireiros - e que agora está ali, também, ao alcance de um clique.
Ora, a clivagem entre estes dois tipos de blogues torna-se normalmente relevante quando se dá um "caso" como o que foi criado pelo lançamento do livro de Carolina Salgado sobre Pinto da Costa (o único presidente que tem direito a ser tratado com quatro-nomes-quatro...). E essa clivagem seria a chave do livro e do problema: por um lado, a autora e o estilo da obra descredibilizam tudo o que nele se revela; por outro lado, a gravidade das acusações impede os media (e mais ainda, as autoridades judiciais) de a ignorarem. Entre a vontade de ridicularizar o tema, como fizeram (de forma desbragadamente divertida) os Gatos Fedorentos, e a necessidade de levar a sério algumas das afirmações nele inscritas, o coração balança - e nestas circunstâncias, a vox populi iria por um caminho, enquanto os "blogues de referência" iriam por outro...
Observando os dois patamares da blogosfera, o que se verifica é que o livro de Carolina Salgado desestabilizou de tal forma a comunidade que encontro reacções cruzadas: há gente circunspecta e de "referência" a brincar com o tema, e há pura vox populi a descobrir motivos de séria apreensão.
A experiência ensinou-me, nestes tempos incertos, que quando a blogosfera se baralha desta forma, Portugal não está muito diferente. Carolina Salgado conseguiu mais do que desejava. Ela queria deixar Pinto da Costa engasgado e acabou a engasgar um país inteiro. Um espelho à frente? Receio bem que sim."
Eu sei, um texto de PRD neste blog é puro mau gosto e falta de imaginação às pázadas. Considerem este post como um golpe de misericórdia que os seus autores desferiram no dito blog. O frio, a chuva e o livro de Carolina fizeram com que decidíssemos unanimemente hibernar durante tempo indeterminado, até dias menos conturbados surgirem no horizonte.
P.S. para a Marcineide: fofura, o que a Carolina Salgado fez não foi bonito. Não tenha a mesma ideia, porque apesar de 'cê escrever bem melhor que sua colega, José Augusto Vinagre Banha da Trindade Clarmonte não soa tão bem como Jorge Nuno Pinto da Costa. Sábado falamos melhor.