O Homem do Século, O mito por trás do mancebo e o mancebo por trás do mito.
Apesar do título abichanadamente leviano, este é um post sério, sobre um individuo sério (ainda que peculiar), que leva a vida a sério e não está para brincadeiras absolutamente nenhumas. O homem existe. Tenham isto como certo, mais certo ainda que um relógio suíço. Não é produto da imaginação de ninguém, exceptuado talvez a da sua mãezinha, coitadinha. Adiante.
A situação que aqui vai ser descrita passou-se há muitos, muitos anos, éramos ambos iniciados na Arte Sturu e vagueávamos pelo Mundo em busca de qualquer coisa que nunca chegámos a encontrar. Eu e o Homem do Século, durante algum tempo, partilhámos um humilde celeiro gentilmente cedido por uma simpática família pertencente ao campesinato alemão. Aproveitando uma cálida noite estival, fui, sozinho, passear à beira de um lago nas proximidades, para ver se corpo, mente e espírito se conjugavam melhor sob o onírico manto estelar. Adormeci. Acordei ainda de noite e, sem a mínima noção do tempo, voltei calmamente para aquilo que agora chamava de lar. Qual não é o meu espanto quando, ao me aproximar do pardieiro, ouço gargalhadas de uma voz feminina. "Mas que raio se passa aqui? Isto não é meditação, com certeza", pensei eu para com o meu fecho eclair. Assim que abro a porta, à rubra luz das candeias de azeite, vejo o Homem do Século libidinosamente abraçado a uma das catraias alemãs que se ria a bom rir com qualquer coisa que Ele lhe dizia ao pescoço. Subitamente, o Homem do Século volta-se para mim e diz sombriamente: "Zé, isto não é o que tu estás a pensar" e eu, reverentemente respondi "Pronto, pá. Tá bem. Até amanhã". Voltei para o lago e reflecti, reflecti muito sobre as enigmáticas palavras do meu companheiro. Bem que a história podia acabar aqui, mas não. Contei pelo menos 12 as vezes em que Ele, sabiamente, proferiu as palavras "Zé, isto não é o que tu estás a pensar", sempre com cachopas diferentes no colo, claro está. O que me intriga mesmo é como é que ele sabia sempre o que eu estava a pensar se nem eu próprio estava consciente do que se passava nas intrincadas profundezas do meu cérebro!
"Insondáveis são os seus Mistérios..."
"Insondáveis são os seus Mistérios..."