As Duas Torres...
Ou o Elefante de Tróia. Não queria comentar aquela vergonhosa palhaçada mediática que ontem foi a implosão das duas torres da Torralta. Fiquei com a impressão (e não fui só eu) que, como não temos catástrofes naturais para podermos contemplar, criamo-las. E o povinho adere em massa. Acho muito bem que aqueles mamarrachos tenham vindo abaixo, nunca deviam era ter nascido, mas transformar duas gigantes nuvens de pó num circo televisivo é demais. Transmissões televisivas, 300 convites e milhares de binóculos distribuídos à populaça fizeram do grupo Sonae os heróis do dia e todos bateram palmas. Faz-me lembrar aquela cena típica em que o imigrante rico chega à aldeia e se pavoneia no seu descapotável. Toda a gente corre para a janela para o ver, enquanto os petizes correm atrás da poeira deixada pelo carro. A Sonae é o tipo giro do Porsche, nós somos, invariavelmente, o boquiaberto aldeão.
Não queria comentar a presença de José Sócrates e o absurdo protagonismo que teve. Não queria comentar o facto de antes que Sócrates baixasse a alavanca já uma das torres vinha por aí abaixo. Para mim, não foi mais do que uma fantochada criada para distrair as massas enquanto as duas almôndegas (Zé e Belmiro) apertavam as mãos nas sombras e faziam juras de fidelidade.
Não queria comentar, mas já comentei. Foi mais forte do que eu. Hoje não se fala noutra coisa.